terça-feira, 10 de junho de 2008

porvir


telas pedras plantas
constituem parte dessa casa
sempre nessa madrugada,
que é quando as escrevo.
troco a paz sem fim de meu sono
pelo caos das palavras
mas já näo me destruo por coisas vagas,
amores mortais por absolutamente nada.
já näo me destruo...
com esmero tento compreender
que estas poesias de amor
foram feitas pra ninguém.
embora, sem esforço algum para que se entenda,
isto seja täo triste...
näo há ninguém, talvez nunca tenha havido
absolutamente ninguém nem nada tangível
para que justificasse (se isto é mesmo possível)
o sentir da proximidade da morte
destes textos por mim escritos.
por que beirar a morte figurada
se camuflada através dos enigmas
de uma linguagem täo pobre?
nada justifica este nada.
mas há uma certeza absoluta,
que agora luta contra a rapidez
das horas que este relógio digital engendra,
há esta certeza absoluta
de que o beco sem saída
ao qual me levam estas palavras sem sentido
produzidas por uma falta de sentido maior
e täo mais obscura de mim,
dissiparía-se em tom suave
que eu näo saberei decifrar-lhe,
mas que näo é mesmo necessário,
amanhä sob a luz de um sol suave,
sobre minhas mäos, rosto, corpo inteiro,
suave, suave,
por entre plantas, flores, talvez mares
alegria súbita agora
deste devir que portanto e para tanto crio,
"por um porvir mais generoso"
e os olhos semicerram-se de alegria
e me canso, entregando-me à paz
do sono.










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