segunda-feira, 31 de março de 2008

"monocromático"

Brancura da neblina
Dos lençóis
Brancura da página
Brancura
Brancura embora escura
Pelo tal ambivalente.

Brancura, mas não de meu pensamento.

Brancura ao desejo de estar só
Na brancura de não poder o mesmo
Por tanto, brancura escura
Por tanto nada
Quando não traduz-se nada
Deste monocroma.

"Perí"

Estou na cidade
Mas tive pudor
Em ver-te.

Na praia do Campeche
Tinha uma nuvem furtacor
Que me lembrou de ti.

Na avenida beira-mar norte
Os edifícios iluminados e as pontes
Pareciam-se contigo.

A barra da Lagoa
No blackout
Lembrava nosso amor inexistente
Por entre a baía turva.

E na lagoa do Perí
-desértica-
eu naufraguei por nós.

domingo, 30 de março de 2008

"sem você"

meu amor
meus olhos azuis
seus
se eu
não mais ver-te
posso vir a morrer

sinto que não mais te verei:
estarei a morrer então

não sei...

seus olhos azuis
que eram meus,
que nunca foram meus,
me fazem compreender
que em você,
que sem você,
eu sou triste.

"perder-se"

céu
de cor
tão característica
de mim
que passa a nada
significar

temperatura
da qual não sei
o quanto a ressinto

horas
não há relógio

manhã daqui a pouco
não estou louco
é sono
não estou com sono
"é dificil perder-se".

"mais flor"

flor, não
madrugada
flor não a vejo
mas isto não implica
menos flor

flor, flor e mais flor
quando a vejo
divina-sangue
divina-veludo
divina em seu sexo todo.

quando a vejo sob a luz
na qual o sol tudo revela
sinto-me imperfeito.

"eu dormi agora"

dormir não posso.

impossível não entendê-lo,
dia,
que já é madrugada
de outro dia.

é noite,
a percebo através
de minha cama
e da noite do céu.

dia

em nada o compreendi,
no entanto
eu dormi
agora.