sábado, 7 de junho de 2008

sem sangue

estou tão vazio
de não te encontrar
que não mais escrevo.
o carteiro
atravessou agora
uma carta
pela fresta da porta.
minha letra destroçada
não constrói quase nada.
minha escrita,
tampouco.
a tinta úmida brilha
à noite, à lâmpada, à página
embora a lua se esconda
entre o tudo e o nada;
entre sozinho no apartamento,
ponha a garrafa de bebida sobre a mesa,
deixe-na intacta.
eu a rompi
agora.
o álcool está quente,
o quero amargo,
de gosto de ferro,
mas sem que se derrame
sequer uma gota de sangue
sobre este carpete podre,
encardido.
e friamente, analiso
seu corpo estendido
sobre ele.

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