quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

triste

Telefonar-te-ei eu?
que estou com medo
deste domingo tao frio em seu céu
queimava ainda o sol se foi
flor das cores da cidade
de onde retornei sem mim

uma criança de rua triste
me deixou triste assim

e a estrada se apagou pra mim
e eu não alcanço mais a ti.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

prisma

morreu
mas brotou lágrima
sob o sol tornou-se prisma
sobre o parapeito espatifou-se
qual o horizonte
ao cair da noite.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

a noite em que tu me atiraste aos porcos

quando, num acaso
(o que de maneira alguma seria acaso)
nós nos reencontrar-mos
eu espero que tu não consigas
resistir aos meus olhos
mais negros do que a noite
onde escrevo
onde sou só
por entre fragmentos de sonhos
que se vem acender quando os
olhos semicerram-se exaustos.

fizeste-me derramar lágrimas em vão
esvaíram-se caíram então
eu a deixar
lágrimas sobre teclas
de uma cor prateada totalmente inorgânica
como seu amor artifício por mim
inventado a partir de ti
no devir de minha beleza
de minha cara feia
não mais consigo escrever palavras suspensas
quais juntas
revelam tanto de mim
do mundo
da noite em que tu atiraste um diamante aos porcos,
da noite em que tu me atiraste a eles.

lágrimas encharcam teclas

a vida
é um desencontro
fodido

você
não me quer
mais

meu deus
porque escrever
isto?

-para morrer só
num dilúvio de
amor-

diz uma voz
de madrugada
de anos luz

não mais vou esmolar
eu sempre te
quis

lágrimas
encharcam
teclas

nao diz mais,
vai,
tem eras ainda

onde, em algum
remoto
amanhã

você me queria
você disse que sim
foi-se voce

e eu traduzindo em palavras,
eu te amo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

esmolar amor

esmolar amor
sob a lua cheia
amor onde estás
cansar das teclas
queimar
incinerá-las
não enxergo as teclas
as letras correspondentes
nem mesmo com estas
lentes de grau
nem tampouco sob a luz azul
a escorrer sobre a noite só

amor onde estás
lua cheia não me deu nada
além de tudo o que de beleza
nela havia
a esmolar amor a todavia
eu estou aqui.

sábado, 10 de janeiro de 2009

através de brumas

o cair da noite
traz o devir de tua ausência
lembrança de presença
catarse triste

dor no peito esta
não há um fio de luz na casa
e as ondas do mar quebram-se por si sós
independem de nós
através de brumas e espumas e ausências.

longo segundo

o depois do depois
do segundo
vivo

ao mar queimar
ao sol do
amor

compreendê-lo
segundo de longo tempo
embora

embora mar
e queimar ao sol do amor
seu.

Osho

Osho sobre a mesa
você onde está?
as palavras e os poemas também se foram
derramaram-se por entre os dedos
entre brumas de ondas mais brancas
do que meu amor por ti
mais brancas que a transparência das minhas lágrimas
salgadas pelas águas deste mar sem fim
de devoção e de cafonisse romântica.

o perdi

parece-me que o vinho
é o sangue das madugadas

as cigarras destroem seu silêncio
com diamante etéreo:

o canto

eu vislumbrei um verso que esqueci
o texto se acabará por aqui
minguará em si,
o perdi:

escorreu pelas mãos.