quarta-feira, 28 de setembro de 2011

tua presença

vou para a rua sozinho
encontrar teu nome em algum ladrilho
alguns passos bastam para
atravessar esta porta
entre eu e o mundo.
mundo;
leia-se ladrilhos
de uma rua escura.
algo de sombra e luz provindo de um poste
alaranjado e ofuscado,
mas é nos musgos e ranhuras
que encontrarei teu nome,
ou a surpresa
de luz de lua,
isto supriria a ausência tua
mesmo que eu não a recriasse
num porvir de ladrilho,
paralelepípedo mudo,
rachadura de muro,
ou mesmo sons de meus passos
entremeados secos
por um latido de cachorro
seco e bem longe,
e isto
já justificaria esta noite
vaga e distante.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

acaso

traga carta
notícia
telegrama
no vento
do que outrora
alento
era
sem dor alguma
pois as flores
trazem na bruma
o cheiro de
amar a tudo
algures
de cores
resquícios
de outono
se não fosse
primaveril
anil faz o céu
me chamaste agora
no fio do som
longe
de um telefonema
bem longe
corta a lágrima
seguro
digo sim
digo
não sei
quanto a atender
o que o acaso
fez

domingo, 25 de setembro de 2011

em nós

foste.
ainda te amo
dizer que falta você me faz
não digo
não por orgulho
mas porque isto é obvio
devido a minha carência
e dependência emocional.
mas deixar
deixar
ram
ram
partir
no amor
mantra
de coisas boas e renascimento.

mas eu sempre estarei

em nós.

sem fim

a quase manhã
ainda noite
ainda é promessa
de luz
embora na escuridão
haja sombra de luz
ponteiros parados
tempo infinito
mente no ar

o tempo parou

e lá fora

a geada produz seus sons

terça-feira, 13 de setembro de 2011

vazio

no som
som do ar
som do silêncio
do sono
do que não lembro
do que relembrei
do que nem sei
que trocadilhos
preguiças
som parou
saudade mas vazio
forma não triste
imageticamente confuso
o texto faz supor
que algo acabou.

sábado, 10 de setembro de 2011

sons inevitáveis

televisor

barulho inevitável

desnecessário

abafado no som

do

televisor

dos cachorros

ladrando

abafado

pássaros

abafados

no som

do ar

do piu

nem posso escrever

o que me cabe

a mim

posto que no fim

sejam

abafados no som

televisor

piu

cães

e a voz feia

daquela menina

que lhe roubou

de mim.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

acessos

chamadas
vãos
acessos
pórticos invisíveis
luzes
entremeio
de sombras
são como brumas
de ondas
metafísicas
é tanta liberdade
que meus braços pedem
e despedaçam
em gesto
de abertura
algo como andorinha
e imensidão
oceânica
é tanta
que a página é pouca
e essas portas
e vãos
acabam por pedir
libertação
tanto na imagética
quanto na página.