quinta-feira, 30 de junho de 2011

texto ruim de blog

o que você acha que seu texto ruim
pseudo-filosófico
anotação de cunho neurótico
narcísico
água espelhada vazia
sua admiração por mim
não me diz respeito
isso te frustrou
não espero que reconheça
o que você acha que seu texto ruim
causa em mim
além de contaminação maléfica
acho que desaprendi a escrever.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

diluição

maldiga minha escrita
mas não transcreva minha escrita
sem a alma
sem o amor
sem a viscera
sem a verdade que for
nem tampouco sem a dor
da navalha
na carne da palavra
no cerne
da coisa

no nada

nada este
impregnação da palavra
não mera contrafação da mesma
pois então não o dilua
se você o faz de maneira crua
eu o refaço de maneira
orgânica
na contramão
de tua idealização
pura ilusão literária
ou mesmo mera diluição.

terça-feira, 28 de junho de 2011

impressão tanto fotográfica quanto platônica

sua foto
o profundo
da circunferência dos olhos
bidimensional saudade
chapado coração
ainda que na impressão
fotográfica
isto me sensibilize
mais que a lembrança vaga
embora presente
do timbre de sua voz
a qual, acredito
jamais ter a mim
se referido.

domingo, 19 de junho de 2011

sem título

se lhe me dá o sol
pelas mãos
escorre
partícula luminosa
palavra não é luminosa
quanto
se lhe me dá o sol
entre os dedos
escorrendo
particula etérea
luz primeira
lúcifer
palavras não são luminosas
se lhe me der
lua contraposta
justaposta ao dia
quando escrevo por escrever.

signo

signo
é significado
meu
e do mundo inteiro
que compartilha
daquele signo
este
cabra
Aretusa
ferida está
voltando ao signo
o que seria
significado fatídico
factual
pelo tal fatal
e o sol
é pra você
se a fizer
renascer
sob outro signo.

e o sol reje leão.

sábado, 11 de junho de 2011

nota

desconforto da lã
conforto
da solidão em pensamento
existir
não tá fácil
esconderam os calmantes
não tenho ninguém
todos estão na festa
a qual eu recusei
não mais me exporei
só errei
em ter aceitado
em ter sido passado pra trás
mas não tem rancor nenhum
só solidão absoluta
nada
leve irritação
e esqueci do objetivo do texto.

o texto não tinha objetivo algum.

o não pulsar

quebrar o televisor
em pensamento
não pulsar
o não pulsar
pulsos
eu os corto em pensamento
ódio
é
verdadeiro ódio
fúria silenciosa
pacifista
humanitarista
fúria embora eu esteja feliz
como se explica
como se explica
pura neurose
este texto.
escrever transferindo pulsões
é um ato de idiotice.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

pier

Pier
piar
per noctem


a noite se pôe em flanelas
fumaças, fogueiras
e te queria aqui.

sem título

Cello
Cravo
metal antigo
crava algum acorde
que lembra eternamente
o céu que acabou de se pôr.

só pedras e livros não são passageiros.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

chuva ou linguagem?

chuvas
são como versos
sem palavras
esvaziar o verso
é como chuva
portanto
isto que se
chama de texto
só não
materializa chuva
porque não tem água
mas posto que a palavra
seja tanto aquática
quanto elementar
isto é, seja linear,
partícula chuvosa,
então,
isto é chuva.

a voz da lua

esperei ao pé do telefone
seu nome

lua nova se pôs bronze

fina
canoa
varando
na noite

alta no ar

suspensa no móbile

da madrugada

pura

embora crua

posto que nenhuma
estrela

portanto escura

ouço sua voz

bem longe.

por teus olhos

as ondas quebram no campeche
eu sei
por ouvir por ti
o que importa
o que teus olhos azuis não vêem
na escuridão das ondas da noite
as ondas que se quebram no campeche
e o versejo que quebra na garganta
chama teu nome
por teus olhos
o mar faz-se bravio
pela noite que anuncia
a madrugada bravia
na velocidade da noite
transformando a tudo
- alma do mundo -
na órla dos teus olhos.

primaveril

a primavera
nos fará
o que fará
com as cerejeiras
e às flores primeiras
sob infinitas cores
do meu amor.
esta nota
não é romântica
nem só pra ti
é promessa
de porvir
de sol primaveril
sob blues
sob wonder em manhãs
frias de sol
limpidez de céu
azul
azul dos teus olhos
negros
refletidos
na palma do céu
para a palma
da página
do meu peito.

sábado, 4 de junho de 2011

o blues da alma de um amor

me diz se você se entrega
se susurra
as promessas de outrora
o blues da alma de um amor
nunca acabou
choro deixou
agora
só lágrimas dentro
eu repenso
nas promessas, sem rancor
mas ainda lembro
das juras de amor
não posso mais entregar
regredir
voltar a nós
porque isto fará levar minha sanidade embora
junto às ondas deste blues,
eu sei.

no verso

ondas quebram em rochas
sob o parapeito da memória
queria fazer o poema mais lindo
chegar ao inatingível
não por requintes de literatura sê-lo
mas pelo requinte de no verso tê-lo
pra mim.

vital

a tarde vai caindo
e vai caindo o piar dos pássaros
antes o tédio da paz de seu canto
do que o tédio do cotidiano

trânsitos
edificações
enquanto só quero
edificações imateriais

oníricas

vazias de tudo
mas veladas de alguns tons
solitudinais
vitais sem ser mesmo vitais

mas porque mesmo pensar
se encarregam-se de existir
o piar e o cair
da tarde apenas?