domingo, 31 de janeiro de 2010

reverberar

roupas estendidas no sol
é um bom sinal
de alegria estendida afora
a tristeza habitual
mas hoje é alegria
hoje é domingo
mar a colar nos olhos
não em maresia
mas em lembrança,
e a felicidade está alí,
estendida sob o sol
onde estou,
no ar, no vento a levar
borboletas quais renascem no voar,
sem nenhuma cigarra a sibilar
coisas de dor,
só o sol a brilhar,
a mostrar que há vida
na luz, nas borboletas,
na rima,
no verde que filtra
sem dor,
e reverbera
em fotossíntese o amor.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

qualquer um

saiba que eu nunca quis ser um desgosto pro papai
e essa dor sempre me vem quando sou abandonado novamente
repudiado pelo tempo, pela noite, e pelo telefone
que insiste em estar imóvel e silencioso.
noite esta cinza.
eu estou cinza também.
eu estou cinza azulado.
eu espero você.
não tem ninguém do meu lado
não tem fumo
não tem sonho portanto
nem sono.
só a realidade insone
que não passa,
que custa a passar,
mas meu amor passou
por minha vida sem reafirmar
aquele diamante onírico,
pelo tal metafísico,
tais quais minhas lágrimas,
quais não caem mas encharcam o peito dentro,
e eu me perdi no texto,
usualmente,
usualmente a ti espero,
e esta dor me vem quando sou abandonado novamente,
com cheiros e memórias vivas,
pelo tal olfativas,
além disso meus olhos aguardam
o rosto de quem não digo
no entanto,
é só a chuva que cai
agorinha mesmo
além de minha alegria
esparramada
em poça, em areia, em suja bruma,
meu amor é suja bruma,
este texto é suja bruma,
eu espero que você odeie este texto.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

fim confuso

não lhe ter
escorrer você
pelas mãos
até penetrar
sob a terra
sob a era
da vida,
agora digo:
seja.
seja de nós
desatar nós
essa é a hora
a hora da virada
isto não é um poema
meu coração trêmulo
ama rômulo
e remo
e eu e você;
embora eu não saiba
do que isto se trate.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

o que for

tem perdas
tem chuva
tem poemas
tem que os esqueci
portanto escrevo aqui
qualquer palavra, seja qual for
qualquer uma me levaria ao meu amor
que hoje apareceu subitamente e como quem não
quer nada me entristeceu posto que eu espero
há dias e dias um sinal qualquer, o que for;
eu ainda lhe tenho amor.