sábado, 31 de dezembro de 2011

aboio

dorme boi

chove aboio

onde foi nos trilhos

perdeu-se eternamente

mas perene

madruga a aurora

impávido amanhecer

alguns pássaros ousam cantar

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

sobrehoras

sobrehoras
sobrevoam
sobreplanam
sobrepõem-se
sobredizem
sobre si
sobre sós
sobre sau da d e s

velato

sobreposições de branco

estanco estancar

das folhagens e do mar

em solidão retínica

branco voar

faz o pássaro

e o estanco estancar

do branco no branco

das velas embarcadas

e das palavras veladas

não vai dar

a algum lugar

a não ser onde o mar

simplesmente

fica

você sorri

platônico e romântico

como eu

fui

vila mariana

é como erechim

em arborizadas solidões

só para mim

em chapadões

arpoadores solos

e mesmo assim

crianças acenam de automóveis bem longe

e bem longe,

se pelo tal esconde,

você sorri.

domingo, 25 de dezembro de 2011

recorrer a Kronos

nao se mova

ponteiro

algo de noite

corre mais rápido que o tempo

peço que pare

estanque

idiossincrática

e universal

fatal

estática

mesmo que não seja

hora

pare

para que eu não

recorra

simples açores

amadeiradas madeiras molhadas
na beira das barricadas
onduladas ondas
olhos de areia
noite de reis
fogueiras
estrelas
você

yoñ

noite fria
estanca
no chai
na erva
doce
quente
silencia
o silencio
do som
sob a chuva
silencio do som de yoñlu
yoñlu
está livre
leve
e solto.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

fins de dezembro

fins de dezembro
mortes afogam-se em ondas
nas brumas sao engolidas
e chegam na órla aos trancos
e barrancos
rampas da cidade brilham sob o sol
o limite do mar azul
promessa
alento
tudo lento
o ar da cidade turva
tudo calor
quase tudo amor,
se não fosse a humanidade,
quase nada saudade,
se nao fosse Cajú
e meu sertão.

solidão da ardósia

a solidão
não passa do chão
da aspereza da ardósia
exasperação áspera
ardilosa
embora silenciosa
ociosa
tranquila cinzamente
suor na ardósia evapora
ardósia
não reflete a mata
mas contra o cinza
o verde relata
vida
embora na ardósia haja vida opaca
como eu estou.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

saudosismo

se tem estrelas,

não sei.

não parei para ver

para o ser do céu.

claro clarim

dia do deus dos seixos
dia do deus das ondas
dia do deus sem deuses
dia do deus sem deus
dia do do deus que mora
na escuridão
claridão
solidão
multidão
do seu olhar não
esquecerei
digo sim
claro clarim
claro talvez
canta palavras imateriais
idissociáveis dos silêncios totais
os quais ecoam mudos no som
chapados
compactos
intraduzíveis.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

escudo

onde estas na cidade
desaprendi a escrever-te
embora precise
nao diga
mas ressinta
por trás dos escudos
dissipados em imaterial
solidão
absolutamente palpável
pela ausencia
e seus sons
vocalizam
ao pé do ouvido
atrás da porta ouvi algo
mas desaprendi a escrever

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

fio

eu falei mesmo quando morrese
eu estaria calmo
isto é o que sou
e a dor é só um fio
dentro
e escorre em lágrimas
dentro
do alto da sacada
fora
ao chão refletindo a lua
e a lua completamente sozinha
reflete minha solidão
eu digo não
digo sim
as nuvens encobrem tudo
a dor é um fio