quinta-feira, 5 de junho de 2008

manhã anterior

despertei
antes que o Sol
pudesse se pôr.
e meu coração
quando nada havia
para aquecê-lo
estava só então.
o céu cálido
sobre os edifícios adormecidos,
sobre os termômetros congelados,
meu coração a pulsar ainda
sobre frio mármore.
minha face ao espelho,
alva,
exatamente branca,
a refletir Narciso
embora em absoluto silêncio.
as flores poucas
haviam igualmente
despertado em silêncio,
disso eu sabia,
mas você não estava
comigo sobre o leito estrelado
sobre o leito azul-água,
a recostar-se sobre meu peito
em sua triste face
de os olhos também tristes
de azul-mar...
venha velar meu sono
antes que o grito metálico
dos automóveis
destrua o silêncio eterno
desta manhã anterior à tudo;
venha, antes que seja tarde demais.

Um comentário:

Iriene Borges disse...

Sou fã de poemas NArcísicos.