quinta-feira, 23 de outubro de 2008

tarde

claras as palavras
quantas
quentes
jasmins
para mim
e mais nada.

domingo, 12 de outubro de 2008

coexistir

o cemitério em suas tumbas
eu em minha alegria
você em si e só
e no céu o sol
a bater contra os túmulos
no silencio das palavras
que ali não estavam
que não desembocaram
portanto o verso
(quem saberia dizer?)
não pode coexistir.

memória

casas germânicas
pura memória
jardins feliz eu
era, sería?
sería Itapema mar
mamar amor
varandas vigas madeiras
nos açores viví
nas tetas da pescadora
no limo dos lagos velhos
concreto, concreta
memória,
analogia,
galinheiro,
sombra gelada
grama, sol
e areia.

pássaro pra ti

eu não consigo desenhar este rosto.

nem o traço nem o universo
conspiram a isto .

então eu escrevi um pássaro
para te representar-me.

perdi-me

fiz-me assim
frente a este mar sem fim
azul
objeto de meu naufrágio em porvir
neste mar petrolífero
mas me perdi
me perdi.

amor vazio

madrugada fria
museu moderno
sua boca vazia
no branco do concreto
perante ao branco de mim
para as palavras
e eu nao pude no tal entanto
atentar minha boca contra a sua
verde olho contra a noite seu
e eu tão vazio quanto o hall
tal como niemeyer o projetou
embora a frieza da noite o acentuasse
em seu nada, em meu nada
contra sua boca
rente à essa coisa,
amor.