sexta-feira, 29 de junho de 2012

lhe compor

brancura dos olhos

brancura do signo

esto é o romance etéro que vislumbro

leia-se em julho

leia-se sob um luar lindissimo

leia-se noite, é tarde

leia-se sempre te amei

nos acordes etéreos

e arcaicos

de Cravo em que eu almejei

lhe compor.

cães uivam

cães uivam
nossa dor
alcoolizado não dou rastro
de uma idéia sequer
que era concreta
mas onde estiver revive
em cães uivam
nossa dor
você em Mariana, concretos
São Paulo
eu no Atiradores
de onde ninguém ouve
a dor
na madrugada solitária
onde ecoam morros
e pistas vazias
em pleno dia
da noite total
dia da noite total leia-se
plena madrugada
de onde não se tem mais nada
embora cães vigiem
nossa dor dissipada
através de sonhos
e de insignificantes palavras.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

resquício literário

origami

de papel branco

na brancura da solidão

amplidão

do luar crescente

do quarto

que se faz poente

sobre a escura mata

ao plano adjecente

portanto plano

e liberto-me

no vôo

do resquício humano.



sábado, 16 de junho de 2012

noite só

atenda

chamada telefônica

a noite é só

uma

e só uma

e só

estou



nenhuma estrela

palavras

desmaterializadas

tanto temporalmente

quanto fisica

tanto quanto a dor

dissipada

em estrelas

e hoje não há nenhuma estrela:

dissiparam-se na solidão

celeste:

solidão da ardósia

e do cipreste.