sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

metafórico

tarde quente
ouço o telefone tocar
é só impressão
é solidão
saudade
que não posso ter
posto que você
quis me matar
eu sou mulher
de bandido
estas coisas desse lugar
não matam minha fome
nosso castelo nos meus
olhos
idealização pura
enquanto você
rouba
o mar pra mim
mentira
ilusão minha
de ti
você está apenas
vivendo
triste, feliz
o que for
se você me chutou
porta afora
agora
eu que não queira
voltar
esmolar
amor
regressar
pra dor
que era
mas teve carinho
quem soube?
o dia é quente
nada responde
apenas quente
e os ponteiros
parados
suados
amarrotados
em meu saturno
pesado
peito


coração
flor
amor
ilusão
calor
olor
paixão
devaneio
do que era
em palavras
suspendidas
de conexão
que rima com não
mas eu quero sim
quero viver
nem que seja sem
o amor bandido teu
que um dia
me roubou à beira do mar
e me pôs a sonhar
do teu jeito
mas eu traí
e me prostituí
e nunca te quis
agora só não tô
na sarjeta
porque
lavo roupas
pra fora
tirei nosso menino
da escola
cada antúrio do jardim
era augúrio pra mim
de um coração
e eu em devaneio
em devaneio
em pura idealização
brevemente
terei de me aprumar
embora quisesse apenas o mar
a lavar
em bruma
o sangue
metafórico.

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